sábado, 1 de novembro de 2008

Escola e Cibercultura

Andrea Cecília Ramal (2000) inicia seu texto "Avaliar na Cibercultura" com a seguinte cena:

"Estamos em 2069, num ambiente de estudo e pesquisa, antigamente chamadode "sala de aula". Os aprendizes têm entre doze e dezesseis anos e conversamcom o dinamizador da inteligência coletiva do grupo, uma figura que em outrasdécadas já foi conhecida como "professor". Eles estão levantando econfrontando dados sobre os Centros de Cultura e Saberes Humanos (ou, comodiziam antes, as "escolas") ao longo dos tempos. Admirados, não conseguemconceber como funcionava, no século passado, um ensino que reunia os jovensnão em função dos seus interesses ou temas de pesquisa, mas simplesmentepor idades. O orientador de estudos lhes fala da avaliação: ela classificava osalunos por números ou notas segundo seu desempenho, e em função disso eleseram ou não "aprovados" para o nível seguinte. Os aprendizes ficam cada vezmais surpresos. Como determinar "níveis de ensino"? Como catalogar "fases deconhecimento"? O que seriam "etapas" escolares? Em que nó da rede curriculareles se baseavam para fundamentar isso? A surpresa maior se dá quandodescobrem que essas avaliações ou "provas" eram aplicadas a todos osestudantes do grupo. A MESMA PROVA? - espantam-se todos. Não conseguemconceber uma situação em que todos tivessem que saber exatamente osmesmos conteúdos, definidos por outra pessoa, no mesmo dia e hora marcados."Eles não ficavam angustiados?" - comenta um aprendiz com outro. Os jovenstentam se imaginar naquela época: recebendo um conjunto de questões aresolver, de memória e sem consulta, isolados das equipes de trabalho, sempartilha nem construção coletiva. Os problemas em geral não eram da vidaprática, e sim coisas que eles só iriam utilizar em determinadas profissões, anosmais tarde. Imaginando a cena, os aprendizes começam a sentir uma espécie deangústia, tensão, até mesmo medo do fracasso, pânico de ficar na mesma"série", de ser excluído da escola... "Assim, eu não ia querer estudar", diz umdeles, expressando o que todos já experimentam. Mas em seguida, envolvidopelos outros temas da pesquisa, o grupo inicia uma nova discussão ainda maisinteressante, e todos afastam definitivamente da cabeça aquele estranhopensamento."

Só essa "simples" cena, já nos faz pensar na escola, na sua forma de avaliar, de pensar o aluno, de ver o professor, etc. E percebemos que a necessidade de uma mudança de paradigmas e de currículo na escola, são indiscutíveis!
Estamos submersos num currículo planejado para uma cultura que não nos pertence mais, um currículo criado para formar máquinas, pensado para que o professor fosse o centro do conhecimento.
O que muitos não percebem, é que as crianças tem uma mentalidade diferente hoje, que os jovens vivem na era digital, onde há informação a cada click do mouse, a cada mudança de canal, em cada folha de revista. O conhecimento está em tudo!
Aprende-se brincando, conversando no msn, assistindo televisão, debatendo em comunidades do orkut... Então, não cabe mais ao professor ser o “dono do conhecimento”, não cabe mais ao professor avaliar seu aluno por notas que nada mostram a respeito do seu processo de construção de aprendizagem e do conhecimento.
Como podemos avaliar seres diferentes com a mesma prova? Com os mesmos critérios? Como podemos saber se o sujeito aprende ou decora a matéria? Essas perguntas mostram uma “falha” no nosso sistema escolar!
Então, com a “chegada” da cibercultura, do uso da Internet, podemos mudar esse quadro. Os alunos se reúnem por interesse e pesquisam por curiosidade; o professor avalia o processo e as injustiças causadas pelas notas da prova final são finalizadas.
Sendo tantas idéias inovadoras e “diferentes”, fica difícil acreditar que isso dá certo. Mas acredite, funciona mesmo!
Desenvolvemos esse blog numa disciplina para pesquisar o que a nossa curiosidade quisesse saciar. Estamos motivadas por ser um assunto que escolhemos e que nos interessa. A cada nova pesquisa, mais dúvidas surgem, mais queremos buscar! A curiosidade e as dúvidas nos movem na busca pelo novo, pelo que desconhecemos, enfim, nos fazem prosseguir.
Esse é um caminho que a escola deveria trilhar, pois certamente haveria aprendizagem, já que os alunos estarão fazendo/pesquisando o que gostam e o professor, como mediador, deve dar novos horizontes, novas visões e perspectivas a essa pesquisa e, claro, deve estar sempre pesquisando!
Quem sabe, demos o primeiro passo, façamos uma experiência com a nossa turma. O resultado certamente surpreenderá! A mim, como aluna, está surpreendendo muitoooooooo!!!!!
Se você quiser saber mais sobre o texto "Avaliar na Cibercultura" click aqui:
http://www.idprojetoseducacionais.com.br/artigos/Avaliar_na_Cibercultura.pdf

Referência: RAMAL, Andrea Cecilia. “Avaliar na cibercultura” . Porto Alegre:
Revista Pátio, Ed. Artmed, fevereiro 2000.

3 comentários:

Julia disse...

Isso ai gurias!
Adorei a refleão do texto!Parabéns pelo blog!

Beijos

Daiana Trein εїз disse...

Meninas, parabéns pelo nível de reflexão!

Sugerir links sobre o texto, ajuda a ampliar a discussão.. da vida a ela!

Paula disse...

Obrigada: Júlia e Daiana!!
Que bom que vcs gostaram do nosso trabalho.
Bj